Ao contrário do que possa sugerir a garantia da presidente Dilma
Rousseff ao PMDB, não será pacífica a ocupação das presidências da
Câmara e Senado pelo partido em 2013. Fragmentado, o PT não tem unidade
para sustentar o aval do governo ao acordo, cuja aparente solidez se
explica apenas pelo susto do partido com o ensaio de independência do
PSB, imediatamente aproveitado pelo vice-presidente Michel Temer.
Trocando em miúdos, os dois partidos reafirmaram o acordo de rodízio
no comando da Câmara depois do rompimento do PSB com o PT em Belo
Horizonte e Recife, dando visibilidade à autonomia que o governador
Eduardo Campos (PE) se concedeu na parceria construída com o
ex-presidente Lula.
Ao retirar o deputado Leonardo Quintão da disputa em Minas para
aliar-se ao PT, o vice-presidente Michel Temer obteve da presidente
Dilma a promessa de honrar o acordo no Congresso. O movimento
interrompeu a intensa articulação de petistas em favor da candidatura
dissidente do deputado Arlindo Chinaglia (SP), que investia numa aliança
com PSB, PC do B e PDT, sob o olhar de paisagem do Planalto.
Na ocasião, o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), já tentara
Dilma com a tese de que o acordo não era conveniente ao governo e ao PT,
estimulando o receio da presidente com o PMDB no comando das duas Casas
do Legislativo.
A mais superficial incursão em território petista mostra, porém, que o
partido vive como trégua o que o PMDB trata como caso encerrado. Nada
indica renúncia à contestação do acordo – antes, é clara a intenção de
reabrir a disputa.
O PT conta com a insistência do PMDB nas candidaturas do senador
Renan Calheiros (AL) e do deputado Henrique Eduardo Alves (RN), para
reabrir em momento mais oportuno a oposição ao acordo que dá as duas
presidências ao rival. Com históricos vulneráveis, ambos abrem brecha à
tese de que a garantia da presidente foi ao partido, ao qual cabe
viabilizá-los, não havendo compromisso com eventual insucesso a que dê
causa. Renan já teve de renunciar à presidência do Senado uma vez, e
Alves protagonizou episódios polêmicos – o mais recente, um desvio de
verbas do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) por
afilhados políticos.
Deu no Estado de São Paulo
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