Ney Lopes Júnior (DEM) está de volta ao cargo de prefeito da cidade
do Natal. Reempossado ontem, 48 horas depois de ter deixado a cadeira
giratória do Palácio Felipe Câmara, por força de decisão da Justiça.
Ficará só até segunda-feira, 31, para “vigiar” a terra arrasada.
Ele é o terceiro prefeito da capital em 40 dias. Os outros dois nem
esquentaram a “poupança”, por circunstâncias ou falta de interesse
mesmo. É o caso de Edvan Martins (PV), vereador não reeleito, que evitou
subir as escadarias do palácio para continuar tentando na Justiça o
direito de permanecer no Legislativo.
Esse chove não molha na maior Prefeitura do Rio Grande do Norte é o
último capítulo de uma novela melancólica da qual o natalense jamais
gostaria de ter participado como coadjuvante e, ao mesmo tempo, única
vítima.
O ineditismo – a Prefeitura de Natal nunca foi tão rejeitada como
agora – é que os amigos da vilã da trama, prefeita afastada Micarla de
Sousa (PV), desapareceram das cenas finais como se eles não tivessem
dado considerável parcela de contribuição para o caos.
Entenda: Micarla não chegou ao Poder só. Líderes políticos
tradicionais ajudaram a elegê-la e subiram a rampa com ela. Entenda,
também, que enquanto Micarla teve utilidade, políticos e grupos de todos
os matizes e ideologias brigaram por sua companhia.
No segundo turno das eleições presidenciais de 2010, por exemplo, a
“Borboleta” voou até São Paulo, na companhia do senador José Agripino
Maia (DEM), para fechar apoio ao candidato José Serra (PSDB), e quando
retornou a Natal foi assediada até transferir o seu apoio à candidata
Dilma Rousseff (PT).
Observe, então, que no mesmo momento, em torno de Micarla, estavam
DEM, PSDB e PT, além dos periféricos PSB, PMDB, PR, entre outros. E se
tinha tanta gente boa brigando pelo passe da prefeita, por que ao invés
de abandoná-la em momento de dificuldades não se aproximaram para salvar
a sua gestão?
Se assim o fizessem, estariam salvando Natal e o seu povo. Deram as costas, infelizmente.
Interessante é que, hoje, cada um quer tirar uma casquinha da
situação. O DEM critica, o PT também, o PSDB idem, e por aí vai. E o
cidadão natalense, como fica? Sem educação, sem saúde, sem coleta de
lixo, sem transporte coletivo, sem assistência, sem esperança.
Pobre Natal.
O povão, no entanto, não pode esquecer: uma novela não é feita só com
vilã; tem artistas, mocinhos, bandidos e coadjuvantes. Cada um com seu
papel e com a sua devida importância.
Por César Santos
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