A coluna Poder da Folha de São Paulo que houve uma guerra de versões e
interpretações anteontem sobre a mensagem exata do discurso da
presidente Dilma na convenção do PMDB.De um lado, o Planalto e
governistas do PMDB espalhavam que a presidente foi o mais explícita
possível, até o limite legal, sobre a manutenção da chapa Dilma-Temer
para a eleição de 2014.
Uma ala minoritária de descontentes do PMDB argumentava que Dilma
tinha sido generosa e feito elogios à sigla, mas não deixou claro que já
esteja formada a chapa.Ou seja, seria um sinal de que haveria espaço
para substituição de Temer –e o plano B sempre citado é Eduardo Campos,
presidente do PSB.
Passou ao largo o recado principal dado por Dilma: ao citar Temer 12
vezes em 45 minutos, ela quis ostensivamente prestigiar o vice.A razão é
simples: se o PT não puder confiar em Temer, com quem então poderá
contar no PMDB?
José Sarney (AP) acaba de deixar a presidência do Senado e entrou
numa fase crepuscular em termos de influência partidária. Os presidentes
das duas Casas do Congresso, Renan Calheiros (AL) e Henrique Alves
(RN), até dizem querer ajudar, mas têm agendas pessoais próprias. Não
são vistos como 100% confiáveis.
Em seguida viria o governador do Rio, Sérgio Cabral. Ele é
considerado sem poder de influência além do seu Estado para ser colocado
no papel de principal interlocutor entre o Planalto e o PMDB. Por
eliminação, sobra Temer.
Não foi por outra razão que Dilma chamou seu vice de “amigo”. Quem
acompanha discursos da presidente sabe que esse tipo de deferência é
rara. Para ela, portanto, Temer é “o cara” no PMDB.
Dilma não pronunciou uma metáfora futebolística a la Lula como “em
time que está ganhando não se mexe”. Mas isso faz parte da política. Dar
um recado também pelo que não é pronunciado.
Ao injetar prestígio em Temer, Dilma transferiu ao colega de governo a
missão de pacificar o PMDB. Caberá assim só a Temer garantir que em
2014 será ele o escolhido.
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