A entrevistada desta
semana cumpre seu terceiro mandato como prefeita no município de Riacho da
Cruz, Alto Oeste do estado, e em tempo de crise, é uma das únicas gestoras do
Rio Grande do Norte a manter o pagamento de funcionalismo e fornecedores em
dia. Ex-presidente da Amorn, Bernadete Régo, fala dos efeitos da crise nos
municípios, da fórmula adotada para controlar os gastos e do feito de ter
extinguido o mosquito Aedes Aegipty em seu município há três anos.
MÁRCIO COSTA – Vivemos
um momento de crise que atinge todos os segmentos da sociedade. Como os
prefeitos avaliam este momento?
BERNADETE RÊGO –
Difícil, mas é na dificuldade que devemos buscar soluções simples e efetivas
para tentar amenizar os problemas.
MC – Quais são as
maiores dificuldades enfrentadas pelos municípios?
BR – A falta de
compromisso dos Governos federal e estadual com os municípios, ambos não
cumprem o seu papel. Por consequência, as prefeituras que lidam com os
problemas imediatos da sociedade, ficam engessados no processo de gestão.
MC – Há expectativa de
mudanças? Na sua opinião, em 2016 teremos um quadro de melhora, ou piora?
BR- A previsão é a pior
possível, não acredito em mudanças. Porém, como bom sertanejo que somos não
devemos pensar sempre no pior. Vamos procurar fazer muito com o pouco que temos, e superar essas dificuldades com trabalho.
MC – O município de
Riacho da Cruz é um dos únicos do RN que mantém funcionalismo e pagamento de
fornecedores em dia. Como foi possível alcançar esta condição?
BR – Com planejamento,
redução de despesas, trabalho árduo e com o apoio dos servidores que não estão
medindo esforços para nos ajudar.
MC – Algumas
prefeituras demoraram a cortar gastos e
sofrem os efeitos da crise de forma mais intensa. Estas prefeituras terão como
colocar ordem na casa e retomar a administração?
BR – Em Riacho da Cruz
tomamos medidas duras no inicio da gestão para conter os gastos. A ordem é: não
gastar mais do que tem.
MC – Você já foi
presidente da Amorn num período de atuação mais intensa. Entidades como Amorn e
Femurn tem cumprido com o papel de representar os municípios?
BR – As entidades se
esforçam, mas nem sempre é possível. É importante o papel das associações no
municipalismo. Os prefeitos participam e entendem a relevância da integração e
cooperação. É fundamental tomar decisões conjuntas e exigir dos nossos
parlamentares e governantes, que são os nossos representantes, os direitos dos
nossos municípios considerados hoje os primos pobres da nação.
MC – Qual sua avaliação
da atual bancada federal do Rio Grande do Norte?
BR – Uma bancada que
precisa atuar de maneira mais enfática na busca de melhorias para o Estado.
MC – O governador
Robinson Faria tem feito um bom início do Governo?
BR – Não mudou quase
nada. O RN continua com as mesmas dificuldades, tais como: a falta de
segurança, saúde, e estradas ruins. Infelizmente não vemos perspectiva ou ação
para que esse cenário apresente melhoria.
MC – Seu município
integra o Circuito das Serras Potiguares. Quais as expectativas quanto ao
desenvolvimento de atividades turísticas na região.
BR – O Circuito das
Serras Potiguares foi um “grito de socorro” da sociedade civil da região Oeste,
para mostrar ao RN que nós estamos vivos. O Oeste sempre foi esquecido pelo
Estado. Tratavam o Oeste como uma região caracterizada pela violência, fome e
miséria. Estamos mostrando que apesar de todas as dificuldades temos nossas
belezas naturais, um povo cordial e trabalhador. O turismo é um importante elemento
da economia, por isso, precisamos fazer com que os órgãos públicos, em conjunto
com a sociedade civil, desenvolvam atividades visando o incentivo ao trabalho,
e o resgate da esperança por dias melhores.
MC – Riacho da Cruz não
registra casos de dengue há mais de três anos. Como foi possível chegar a esta
condição num momento onde o País luta contra o aumento de doenças geradas pelo
Aedes Aegipty.
BR – Nos últimos anos,
desenvolvemos uma rotina diária de combate ao Aedes Aegipty. Na gestão passada
algumas medidas foram implantadas. A partir dessas medidas intensificamos as
estratégias de combate, e conseguimos com o apoio da população eliminar os
casos de dengue no município. A Secretaria de Saúde do Município juntamente com
todos os profissionais da saúde vestem a camisa do trabalho e a sociedade
participa. As secretarias de Obras e Urbanismo, Educação e Assistência Social
também participam, através da limpeza pública, com palestras e orientações de
como proceder com o lixo. Temos também uma campanha anual denominada “DENGUE
FOLIA”. Nessa campanha é realizada uma semana de trabalho intensivo, na qual
todas as famílias são visitadas. Além disso, um sábado antes do carnaval
sorteamos prêmios, e em seguida ocorre um grande carnaval com trio elétrico
para comemorar a extinção do mosquito.
MC – Na última semana
um prefeito do RN renunciou ao cargo alegando efeitos da crise. Outros pensam
desistir dos projetos de reeleição. Você pretende ser candidata a reeleição
mesmo diante de tantas dificuldades?
BR – Desenvolver as
atividades de um prefeito nunca foi fácil. Quando você entra em uma campanha,
entra pensando em resolver todos os problemas da sua cidade. Porém, existem
muitos obstáculos e dificuldades para resolver as dificuldades de um município.
Por isso, é imprescindível para o gestor ter experiência e gostar muito do que
faz.
0 comentários:
Postar um comentário