O senador Garibaldi
Alves Filho (PMDB-RN) foi ministro da Previdência do primeiro governo de Dilma
Rousseff. Indicado pelo PMDB, comandou a pasta de janeiro de 2011 a janeiro de
2015. Na tarde desta sexta-feira (26), Garibaldi assistia, solitário em uma
cadeira do plenário do Senado, à segunda sessão de julgamento do impeachment de
sua ex-chefe.
Ele votará pela cassação
de Dilma. Questionado pela Folha de S.Paulo sobre quantas vezes foi recebido
por ela para um despacho no Planalto, o ex-ministro responde: “Nenhuma”.
Segundo o senador, assuntos de sua pasta eram discutidos somente com Gleisi
Hoffmann (PT-PR), então ministra da Casa Civil do governo Dilma e hoje senadora
da tropa de choque anti-impeachment.
“Apesar do respeito que
tenho pela Gleisi, você se sente mais prestigiado ao despachar com a
presidente”, diz Garibaldi. “Eu tenho uma frustração, não tenho raiva dela
(Dilma). Quando encerrou meu período no governo, pensei que iria me chamar
pessoalmente, mas ela me telefonou”, relembra o ex-ministro.
Ele diz que vota pelo
impeachment porque concorda com as acusações contra a petista, mas admite: “Há
também o componente da frustração, o conjunto da obra”.
Garibaldi aproveita a
conversa para contar o que sempre quis falar a Dilma numa reunião de trabalho:
“Gostaria de ter sugerido a ela uma ampla reforma da Previdência. Isso só
poderia ser feito num despacho com a presidente, diretamente”.
Ele é um dos seis
senadores pró-impeachment que integraram o ministério de Dilma. Seis votos que
poderiam ajudar a salvá-la diante de uma estimativa de placar entre 59 e 61
votos pela cassação — o mínimo exigido para o impeachment é de 54.
Dilma vai discursar no
Senado na segunda (29) pela manhã. Garibaldi diz que a presença dela não deve
mudar seu voto. “Eu poderia até votar contra o afastamento se ela tivesse me
conquistado, me sensibilizado”.
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