O socorro aos estados
em grave crise financeira será financiado por bancos privados estrangeiros.
Instituições públicas, como BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social), Banco do Brasil e Caixa, que no passado socorreram governadores, ficarão
de fora desta vez. A informação é do jornal Folha de São Paulo.
Citibank, JPMorgan,
BofA, BNP Paribas e Santander sinalizaram interesse em emprestar aos estados,
desde que tenham a União como fiadora.
A União já identificou
o interesse dos estados de Rio Grande do Norte, Roraima, Mato Grosso, Goiás e
Rio Grande do Sul. Segundo o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, a União
pretende garantir até R$ 10 bilhões em empréstimos aos estados neste ano,
exigindo medidas de ajuste fiscal como compensação.
Os governadores, porém,
consideram a cifra oferecida inferior à sua necessidade. Por isso, a ajuda
passará por um combo de alternativas financeiras, com um cardápio de opções que
variam de acordo com a necessidade e a situação de cada estado.
Os bancos privados
estão sendo sondados para, além de fazer empréstimos, também comprar títulos
atrelados a recebíveis da dívida ativa e de direitos sobre royalties do
petróleo.
Tanto para empréstimos
quanto para a venda de recebíveis, os governadores precisam do sinal verde do
Tesouro, que está formatando um programa voluntário de recuperação em que as
operações de crédito terão como contrapartida medidas de ajuste.
A governadora Fátima
Bezerra (PT) deverá entregar um plano de contenção de despesas em quatro anos. A
União então autorizaria o estado a tomar emprestado o equivalente a cerca de
40% desse total.
Por meio de sua
assessoria, a Secretaria de Planejamento e das Finanças (Seplan) do Rio Grande
do Norte afirmou ao Agora RN que os termos que deverão firmar o acordo ainda
estão em fase de elaboração por parte do Governo, e que não há um prazo para
que ele seja finalizado.
O Rio Grande do Norte
deve cerca de R$ 2,3 bilhões a fornecedores e prevê fechar 2019 com déficit de
R$ 1,8 bilhão.
O negócio interessa a muitos
governadores, mas depende de um projeto de lei que já passou no Senado e
tramita na Câmara dos Deputados. De parte dos bancos, só uma parte da dívida
ativa dos estados é considerada atrativa.
Os débitos
reconhecidos, que já estejam sendo parcelados e cobrados de bons devedores, têm
potencial de serem empacotados e vendidos no mercado financeiro. Por isso,
todos os estados que tiveram programas recentes de Refis (refinanciamento de
dívida) são potenciais interessados nesta operação, cujo nome é securitização.
Para o Rio Grande do
Norte e Sergipe, o socorro pode ser composto também pela venda de direitos
futuros sobre royalties de petróleo extraído em seus litorais.
Bancos estrangeiros têm
especial interesse nesse tipo de operação e poderiam injetar cerca de R$ 500
milhões na Bahia e em Sergipe. Já o Rio Grande do Norte conseguiria levantar
cerca de R$ 120 milhões com royalties.
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