Após um reduzido grupo
de 30 magistrados representar pela exclusão de Sérgio Moro da Associação dos
Juízes Federais (Ajufe), o ministro da Justiça e Segurança Pública recebeu uma
moção de apoio assinada por 271 de seus ex-pares. Eles afirmam que as mensagens
atribuídas a Moro e integrantes da Lava Jato, ainda que autênticas, ‘não
ofendem o princípio da imparcialidade que rege a conduta de um magistrado’.
Esta é a primeira
grande reação da toga em defesa do ex-juiz que se notabilizou no comando da
Lava JatoO apoio maciço dos juízes neutraliza a incrível ofensiva de advogados
– a maioria de réus da Lava Jato – que nos últimos dias têm pedido a cabeça de
Moro.
Nesta segunda, 24, 30
juízes federais protocolaram na principal entidade da classe, a Associação dos
Juízes Federais do Brasil (Ajufe), representação para que seja excluído da
entidade o ministro Sérgio Moro, a quem atribuem ‘interação heterodoxa’ com
procuradores da Lava Jato. A representação tem como base reportagens do The
Intercept Brasil sobre conversas entre o ex-juiz federal e procuradores da
força-tarefa da Operação Lava Jato.
Os 271 juízes que
manifestam apoio a Moro afirmam que ‘todas as mensagens, ainda que recortadas
para ampliar o sensacionalismo, revelam a preocupação do magistrado com os
procedimentos, sem qualquer relação, por menor que seja, com o mérito de cada
denúncia’.
“Revelam ainda o
diálogo interinstitucional republicano rotineiro em todos os fóruns do país, em
relação ao qual magistrados, membros do Ministério Público, das Forças Policiais
e membros da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB estabelecem comunicação,
muitas vezes verbal, mas também por aplicativos, de forma a resolver dúvidas,
esclarecer procedimentos e impedir procrastinação e nulidades”, dizem.
Segundo os juízes, o
‘magistrado, como centro decisório, desse complexo sistema, não se encontra
impedido de dialogar com os demais atores envolvidos sobre questões não
relacionadas ao mérito da ação’.
“Acreditamos que,
enquanto juiz, Sérgio Fernando Moro jamais se desviou dos deveres exigidos de
um magistrado sério, alinhado com os princípios éticos, comprometido com a
busca da verdade e aplicação da Justiça, com o império da lei, com
imparcialidade, atuando no maior caso de corrupção conhecido no mundo, com
imensa dedicação, sacrifício e se sujeitando a riscos pessoais e familiares de
toda ordem”, dizem.
“No cumprimento de seus
deveres, sempre com imparcialidade, julgou, condenou e também absolveu centenas
de pessoas. Todas as suas decisões, sempre pautadas pela análise rigorosa da
provas constantes nos autos, foram escrutinadas em várias instâncias recursais,
através de centenas de recursos do próprio Ministério Público e dos advogados
de defesa”, sustentam.
“Não admitimos que a excelência desse hercúleo trabalho, verdadeiro
ponto de inflexão no combate à corrupção e crimes cometidos por poderosos, seja
aviltada por mensagens inócuas e criminosamente obtidas”, concluem.
0 comentários:
Postar um comentário