O empreiteiro Léo
Pinheiro, ex-executivo da construtora OAS, decidiu quebrar o silêncio à
imprensa pela primeira vez desde que foi preso.
Em carta enviada com
exclusividade à Folha, a testemunha-chave para a condenação do ex-presidente
Lula no caso do tríplex de Guarujá (SP) reafirma as acusações que fez contra o
petista, diz que todas foram endossadas por provas e rechaça a possibilidade de
ter adaptado suas declarações para que seu acordo de delação premiada fosse
aceito pela Lava Jato.
“Afirmo categoricamente que nunca mudei ou criei versão, e nunca fui
ameaçado ou pressionado pela Polícia Federal ou Ministério Público Federal”,
diz.
“A minha opção pela
colaboração premiada se deu em meados de 2016, quando estava em liberdade e não
preso pela Operação Lava Jato. Assim, não optei pela delação por pressão das
autoridades, mas sim como uma forma de passar a limpo erros”, completa o
ex-executivo da OAS.
Pinheiro diz ainda que
seu “compromisso com a verdade é irrestrito e total”. Por isso, a elucidação de
“fatos ilícitos que eu pratiquei ou que tenha tomado conhecimento é sempre
respaldada com provas suficientes e firmes dos acontecimentos. Trata-se de um
caminho sem volta”.
“Não sou mentiroso nem
vítima de coação alguma”, afirma. “A credibilidade do meu relato deve ser
avaliada no contexto de testemunhos e documentos.”
O ex-presidente da OAS
decidiu enviar a carta depois de reportagem da Folha, no último domingo (30),
produzida a partir de análise de mensagens obtidas pelo site The Intercept
Brasil, ter mostrado que o empreiteiro foi tratado com desconfiança pelos
procuradores da Lava Jato durante quase todo o tempo em que se dispôs a
colaborar com as investigações.
As mensagens indicam
que Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS, só passou a ser considerado
merecedor de crédito após mudar diversas vezes sua versão sobre o apartamento
de Guarujá que a empresa afirmou ter reformado para o líder petista.
FOLHAPRESS
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