Envolvido na elaboração
das medidas para estimular o crescimento na fase pós-Previdência, o ministro da
Economia, Paulo Guedes, decidiu se recolher e só comentar o resultado da
reforma após a votação final da proposta pelo plenário da Câmara.
Depois da crise
política provocada por críticas feitas pelo ministro na época da apresentação
do parecer do relator Samuel Moreira (PSDB-SP), na fase da Comissão Especial, a
tática traçada foi a de evitar ruídos desnecessários. Isso porque, no plenário,
havia risco elevado de uma desidratação da economia na votação dos destaques
com a mobilização da oposição e de lideranças dos partidos do Centrão, bloco
informal independente ao governo que reúne DEM, PP, PL, Solidariedade e PRB.
Teve início uma
maratona de mais de 48 horas que levou ao plenário força-tarefa de técnicos da
equipe econômica para barrar os destaques mais perigosos.
A comemoração do
ministro foi reservada no seu gabinete depois que um assessor interrompeu uma
reunião de trabalho, na noite de quarta-feira (10), para informar que a
proposta tinha sido aprovada por 379 votos. Na hora da comemoração, aplausos de
todos os presentes. Guedes atribuiu a vitória ao trabalho de toda a equipe. Na
segunda-feira (15), o ministro reunirá seus colaboradores para decidir se
espera a votação do segundo turno após o recesso para anunciar as medidas ou se
as lança imediatamente.
Mantido informado a
todo momento dos detalhes da negociação pelo seu secretário de Previdência,
Rogério Marinho, Guedes deu o sinal verde para a negociação de acordo com a
oposição que acabou destravando a votação dos destaques (sugestões de mudança
ao texto-base). A conclusão do primeiro turno revelou Alessandro Molon (PSB-RJ)
como o líder de oposição.
O governo cedeu e
autorizou que o tempo mínimo de contribuição dos homens na reforma ficasse em
15 anos – a proposta aprovada na quarta-feira previa 20 anos. Articulador do
acordo, Molon contou, em discurso no plenário, que Guedes soube entender a
crueldade da regra e acabou aceitando o destaque.
Durante toda a jornada
de votação, Marinho e seu time na retaguarda não deixaram o plenário. O bunker
da equipe econômica foi instalado no gabinete do líder da maioria, deputado
Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
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