A China anunciou, neste
domingo, 57 novos casos da Covid-19, o número diário mais alto desde abril. A
notícia traz o temor de uma segunda onda da doença no país onde a epidemia
surgiu no fim de dezembro de 2019.
Segundo a Comissão
Nacional de Saúde, 36 dos novos casos são de pessoas infectadas localmente em
Pequim, 19 são em pessoas que chegaram do exterior e dois ocorreram na
província de Liaoning, mas estão relacionados às contaminações na capital.
As autoridades
sanitárias da capital chinesa afirmaram que os casos comunitários estão
vinculados com o mercado de Xinfadi, ao sul da cidade, que vende a maior parte
dos produtos frescos consumidos em Pequim. O país contabiliza oficialmente
4.634 mortes na pandemia e mais de 80 mil casos.
O novo foco
identificado nos últimos dias levou as autoridades chinesas a decretar o
confinamento de 11 bairros residenciais próximos ao mercado, o fechamento de
nove colégios e creches e a suspensão de eventos esportivos, reuniões e visitas
em grupo a outras províncias.
Mesmo assim, outros
dois casos foram confirmados no domingo na província de Liaoning, no noroeste
do país. De acordo com as autoridades, eles estão vinculados com os
contaminados de Pequim.
Um homem de 56 anos,
que trabalha como motorista de ônibus no aeroporto e visitou o mercaod de
Xinfadi antes de ficar doente, é um dos novos casos confirmados neste domingo,
como informou o Diário do Povo, órgão de imprensa do Partido Comunista.
A seção de carne do
gigantesco mercado estava fechada neste domingo. A AFP constatou que centenas
de policiais e seguranças bloqueavam o acesso àquela zona. Todos os
trabalhadores do mercado, os vizinhos ao estabelecimento e as pessoas que
visitaram o local têm de fazer o teste de diagnóstico do novo coronavírus.
As empresas, assim como
outros bairros da cidade, começaram a questionar os empregados e os moradores
sobre seus movimentos recentes. Um mercado de verduras adjacente a Xinfadi
abriu neste domingo, e os caminhões chegavam para entregar e recolher a
mercadoria.
Um motorista afirmou
que, quando estava recolhendo caixas de cogumelos para levar a supermercados e
a restaurantes em Pequim, a máscara escorregou do seu rosto.
“Medo? Não”, disse
Zhang à AFP. “Mas não tenho escolha. Sou parte da classe mais baixa da
sociedade. Por isso tenho que trabalhar para ganhar a vida.”
Em ruas próximas ao
mercado, a população estava confinada em suas casas e os restaurantes,
fechados. Um morador, chamado Chen, contou que tem feito várias viagens de
carro até a entrada da comunidade para levar alimentos para sua família. “Assim
que acabar, me juntarei a eles. Então, não poderei mais sair.”
Alimentos em destaque
A Covid-19 surgiu no
final do ano passado no mercado de frutos do da cidade de Wuhan, onde eram
vendidos animais selvagens vivos.
O surto identificado na
semana passada em Pequim se concentrou na higiene da cadeia alimentar da
cidade. Segundo a imprensa estatal, o vírus foi detectado em tábuas usadas no
manuseio de salmão importado. A maioria dos supermercados removeu o produto de
suas prateleiras.
As autoridades de
Pequim ordenaram que a cadeia alimentar fosse inspecionada com foco em carne
fresca e congelada, carne de frango e peixe em supermercados, armazéns e
serviços de catering.
A maioria dos casos nos
últimos meses no país foi de chineses vindos do exterior para casa. As outras
19 infecções relatadas neste domingo foram todos casos importados, incluindo 17
viajantes em um voo da China Southern, proveniente de Bangladesh.
O Globo
0 comentários:
Postar um comentário