O setor de Comércio, Serviços e Turismo é responsável, segundo o Sistema Fecomércio, por cerca de 65% do PIB do Estado. São mais de cinquenta atividades que tem relação com essa cadeia produtiva, considerada a “indústria” que mais gera emprego e renda para a população economicamente ativa.
Mas os números do
último ano não são nada animadores. De acordo com pesquisa realizada pelo
SINDETUR-RN, Sindicato das Empresas de Turismo do Rio Grande do Norte, o
segmento registrou uma queda de 70,77% no número de passeios realizados entre
Abril/2020 e Março de 2021, em comparação ao período anterior à pandemia.
“A
pesquisa foi realizada entre as principais empresas de receptivos e passeios
turísticos do estado, que representam 80% do mercado”, explicou Júnior Câmara,
presidente do SINDETUR-RN. “O dado preocupa, o reflexo é muito forte nos
municípios que recebem diariamente os turistas de “bate e volta” e existem
diversos serviços relacionados, como passeios de barco, quadriciclos, buggy,
restaurantes, barracas de praia, lojas de artesanato e ambulantes, que também
estão sofrem com essa queda do fluxo de passageiros. A cadeia de atividades que
depende destes turistas é enorme”, explica.
As empresas de passeios
não são as únicas que constataram a grande queda no movimento. Com a diminuição
no número de voos diários para o Estado, os taxistas também relatam prejuízos.
Numa cooperativa de taxis que atua no aeroporto com 120 veículos credenciados,
alguns profissionais precisaram mudar de ocupação para garantir o sustento.
“Nós dependemos do
turismo, dependemos de ter turista na cidade e não somente os taxistas. É o
hotel, o restaurante, o trabalhador que vende água de coco na praia. E nós estamos
dentro desse contexto. Tenho colegas que precisaram sair do taxi e arrumar
outro meio de vida porque só o taxi só não dá para manter a família e pagar as
contas”, lamenta Rogério Azevedo, presidente da COOPCON.
“Já tivemos excelentes
momentos em que fazíamos 8 corridas diárias. Começou a cair, 4, 3 por dia,
mesmo com os voos internacionais, mas isso foi diminuindo progressivamente.
Antes da pandemia chegamos a ter 4 mil corridas/mês. No último ano tivemos mês
com 186 corridas”, detalha Azevedo.
”Totalmente aos
pedaços”
Para Habib Chalita,
presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Rio
Grande do Norte (SHRBS-RN), “O RN está totalmente aos pedaços, virou terra
devastada para quem investiu em turismo, bares e restaurantes. Precisamos de
ações para que a gente possa se reerguer. Somos a principal indústria geradora
de empregos e renda. O que vai ser do Rio Grande do Norte, se não for o
turismo?”, questiona.
Chalita ainda reforça
que os impactos negativos não atingem somente as empresas. “Quero saber qual é
a indústria aqui dentro do Rio Grande do Norte que consegue desenvolver mais
rápido, gerar mais emprego e arrecadar mais impostos do que a gente” e lamenta:
“A cadeia do turismo vem sendo jogada no lixo. Os outros estados do Nordeste
estão dando aula de como salvar o turismo. João Pessoa, Recife, Fortaleza,
Alagoas, pegaram o Rio Grande do Norte e colocaram no bolso. Mostra a total
incompetência da gestão estadual atual com o turismo”, critica.
“O que passamos décadas
para construir, em relação à indústria do Turismo no Rio Grande do Norte, foi
jogado fora no lixo em 1 ano e 3 meses porque o governo do Estado não deu
nenhuma assistência ao setor de turismo. A coisa mais fácil do mundo é você ver
equipamentos turísticos, bares e restaurantes fechados em Natal. Virou comum”,
finaliza.
AGORA RN
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