Em novo capítulo da briga aberta com o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro se insurgiu contra o artigo do regimento interno da Corte que permite a abertura de investigações de ofício, sem necessidade de aval da Procuradoria-Geral da República (PGR). A norma foi usada, por exemplo, para instaurar o inquérito das fake news que atingiu a rede bolsonarista e o próprio chefe do Executivo.
Em ação enviada ao STF
na tarde desta quinta-feira, 19, a Advocacia Geral da União (AGU) pediu a
suspensão liminar do texto até o julgamento definitivo do tema no plenário do
tribunal. O documento é assinado pelo ministro-chefe da pasta e pelo próprio presidente.
A AGU argumenta que o artigo viola preceitos fundamentais, como os princípios
acusatório, da vedação de juízo de exceção e da segurança jurídica.
O artigo questionado é
o 43 do regimento interno da Corte, segundo o qual ‘ocorrendo infração à lei penal
na sede ou dependência do Tribunal, o Presidente instaurará inquérito, se
envolver autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição’. A previsão é atípica,
porque a Justiça brasileira preserva o princípio acusatório, ou seja, um órgão
apresenta o pedido de investigação e eventualmente uma denúncia, frequentemente
o Ministério Público, e outro julga.
O governo argumenta que
a norma abre brecha para o acúmulo de funções nas mãos dos ministros. “Ao
inserir o Ministro designado em uma posição de juiz apurador, supervisor e
curador das funções ministeriais, o artigo 43 do RISTF cria, em contraste ao
juiz de garantias, a anômala figura do ‘juiz à margem das garantias’”, diz um
trecho da ação.
Estadão Conteúdo
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