Ministro da Fazenda que instituiu o teto de gastos e fomentou a discussão de uma reforma da Previdência durante o governo de Michel Temer, Henrique Meirelles está preocupado com as recentes falas de ministros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva em relação à regra fiscal e as alterações previdenciárias. Em entrevista ao Radar Econômico, Meirelles afirmou que as tendências expressas pela nova gestão repetem o governo de Dilma Rousseff. “As mesmas pessoas que participaram ou têm linha de pensamento similar predominando. A tendência é seguir o aumento dos gastos, o uso de estatais, o controle de preços. O resultado do governo Dilma nós conhecemos, provocando a maior recessão da história do Brasil. É uma ilusão acreditar que pode se repetir os erros e ter resultado diferente”, afirma ele.
Meirelles diz que o
governo age mal ao criticar as reações negativas do mercado. “Há um
entendimento equivocado sobre o que é o mercado. O mercado são os agentes
econômicos. O padeiro do interior da Bahia também é mercado, que compra mais
trigo se acredita que vai vender mais pão. Se ele acha que vai cair, contém
despesas e demite funcionário”, afirma. “Não adianta dizer que há nervosismo do
mercado e tentar ignorar as reações dos agentes produtivos às medidas
anunciadas”, critica.
Sobre a fala recente do ministro
do Trabalho, Carlos Lupi, sobre rever a reforma da Previdência, Meirelles
afirma que, se a reforma não tivesse sido aprovada em 2019, 80% do Orçamento da
União seria utilizado, hoje, para pagar aposentadorias. “O Brasil, como a
maioria dos países, teve aumento de expectativa de vida — o que faz aumentar o
tempo que as pessoas ficam aposentadas. Em 2017, quando apresentamos a primeira
proposta da reforma da Previdência, havia um aumento insustentável. Se a
reforma não tivesse sido aprovada, 80% do Orçamento seria usado para pagar
aposentadorias”, diz.
Radar Econômico
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