O PT é incorrigível e não hesita um segundo em se apossar dos recursos públicos para avançar a sua própria causa, os seus próprios interesses. O escândalo do momento é a maneira como foi lançado, nesta semana, o Repositório Digital para o Museu da Democracia – um conjunto de sites nominalmente dedicado à história da democracia brasileira que incorpora, sem nenhum pudor e, mais importante, sem nenhum contraponto, páginas do Instituto Lula (ele mesmo) e de um certo Museu da Lava Jato, inteiramente dedicado a promover o discurso de vitimização da esquerda, ao mesmo tempo que ignora os fatos mais comezinhos sobre o esquema de corrupção que por apodreceu a Petrobras e o sistema político.
Dessa mixórdia digital
deverá sair, no futuro, um Museu da Democracia com espaço físico em Brasília. O
terreno foi doado pela União e a expectativa é que a inauguração ocorra em
2027.
Fazem parte do conselho
curador do “Museu da Lava Jato” figuras com credenciais lulistas
incontestáveis, como Tarso Genro e Manuela d’Ávila. Além de Dilma Rousseff,
hahahaha. O presidente é o advogado Wilson Ramos Filho, do Grupo Prerrogativas.
A página não se dá ao
trabalho de explicar, em momento nenhum, os fatos básicos da Lava Jato. A
operação descortinou um sistema de loteamento das diretorias da Petrobras por
partidos políticos, que desviavam dinheiro da estatal para financiar suas
atividades e enriquecer seus caciques. Ficou claro, além disso, que as maiores
empreiteiras do país haviam montado um esquema de cartel, dividindo entre si os
contratos mais lucrativos com a petroleira.
A falha do “Museu da Lava
Jato”
Lula e o PT, que estão de
volta ao governo, ajudaram a implantar essas tramoias e se beneficiaram delas.
Qualquer discussão honesta sobre a democracia brasileira contemporânea tem de
levar em conta esses dados incontornáveis.
Se um site é admitido num
espaço sobre a história brasileira financiado com dinheiro publico, o dever de
respeitar esse núcleo de verdades elementares é ainda mais sagrado. O Museu da
Lava Jato falha nesse teste. Ignora os fatos e vai direto para as interpretações
sobre os métodos de investigação da Lava Jato, estratégias jurídicas e
“manipulação da opinião pública”.
Quanto ao Memorial da
Democracia, página mantida pelo Instituto Lula, o que dizer? É óbvio que ela
traz um componente bem marcado de culto à personalidade do chefão petista. A
linha do tempo da democracia apresentada pelo site termina no segundo mandato de
Lula (provavelmente ainda será atualizada para incluir o terceiro). Seus oito
anos de governo são documentados com minúcia e muita ênfase nas realizações de
Lula. É como se a história do Brasil culminasse em Lula.
Se um governo
contrabandeia para dentro de um espaço público oficial propaganda pessoal do
presidente e uma página que não faz nenhum esforço para ocultar o seu viés
partidário e o seu repúdio à objetividade, ou esse governo não entendeu o
significado da democracia, ou entendeu perfeitamente e decidiu sabotá-la.
Sabemos que Lula considera a democracia “relativa”.
Golpes de Estado não são a única maneira de subverter um regime democrático. Aparelhamento e propaganda também funcionam – são somente mais sutis e vagarosos.
Alô, TCU. Alô, Ministério
Público.
Por O Antagonista
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