Os dados mais recentes sobre o mercado de apostas mostram que o volume bruto de recursos destinados pela população às empresas do setor em 2024 superam e muito as projeções de referência usadas pelo Ministério da Fazenda tendo como base estudos de terceiros.
Integrantes da pasta
vinham ressaltando que não tinham levantamentos próprios para mensurar o
potencial e salientavam que os dados ainda não eram acurados, visto que o
mercado é em grande parte uma novidade para o país.
Mas mencionavam
informalmente até semana passada que os estudos, que apontavam para uma grande
variação de estimativas, apontavam para uma movimentação que poderia chegar a
R$ 150 bilhões por ano.
O Banco Central
identificou que o brasileiro destinou via Pix de forma bruta (isto é, sem
considerar eventuais prêmios) entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões mensais às
empresas de apostas de janeiro a agosto. Caso o padrão registrado desde o
começo do ano se mantenha até dezembro, o valor bruto (só com Pix) ficará em
pelo menos R$ 216 bilhões.
Ou seja, um patamar 44%
(ou R$ 66 bilhões) superior às estimativas observadas pela Fazenda. E ainda
precisariam ser somados os pagamentos feitos por outros meios (como cartão ou
TED, por exemplo), embora acredite-se que o Pix domine as transações.
Os valores não consideram
o quanto pode ter retornado aos apostadores em jogos vitoriosos. O BC calcula
que 15% do valor bruto fique retido com as empresas de apostas (sendo o
restante distribuído a título de prêmios), mas afirma que o percentual pode estar
subestimado.
A pasta via até semana
passada as regras já publicadas como suficientes para regular o mercado, mas
cresceu a preocupação com o tema no discurso de diferentes autoridades. O
ministro Fernando Haddad (Fazenda), por exemplo, falou que os jogos viraram um
problema social grave.
O presidente do BC,
Roberto Campos Neto, afirmou que houve uma piora na inadimplência que poderia
ser explicada pela popularidade das bets. “Uma coisa que tem gerado preocupação
na ponta é que o crescimento é muito grande”, disse.
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) disse que o endividamento dos mais pobres com apostas deve
ser regulado. “Estamos percebendo no Brasil o endividamento das pessoas mais
pobres tentando ganhar dinheiro, fazendo aposta. É um problema que vamos ter
que regular, senão daqui a pouco vamos ter cassino funcionando dentro da
cozinha de cada casa”, afirmou.
Painel – Folha de S.
Paulo
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